
À partida, sempre que existe um lançamento de um novo disco dos Muse o mundo (quase) para. A banda vem-nos à habituar a músicas esquizofrénicas, cheias de riffs poderosos e rápidos e experimentalismos pós-apocalípticos. No entanto, a pergunta que se tem que fazer é: o que se passou desta vez?
Atenção, The Resistance não é mau álbum mas é longe daquilo que estaríamos à espera por parte da banda. O trabalho não encanta o ouvinte, muitas das faixas apresentadas podem-se considerar embaraçosas perante um reportório vasto de boa música e outras tentativas de grandiosidade caem por terra, na mediocridade.
O quinto álbum de originais da banda britânica, por incrível que pareça, está repleto de boas intenções, mas no entanto, não passam disso. Intenções que se tornam em tentativas falhadas de conseguir abranger o maior número de estilos num só CD. "Uprising" é até à data o pior primeiro single da banda lançado até hoje, mas passado algumas audições conseguimos engraçar com ela. "The Resistance" é demasiado orelhuda, mas de certeza que terá uma aderência gigantesca ao vivo. Faixas como "Unnateral Selection", "Undisclosed Desires" ou "Guilding Light" bem que podiam ter ficado guardadas na gaveta. E é preciso chegarmos a meio do disco para conseguirmos ver que a essência Muse continua presente, seja em riffs como o de "MK Ultra" ou no experiencialismo abrupto fazendo referências a tempos como o de Showbiz com "I Belong to You".
Por fim, chegamos à última parte de The Resistance, se assim lhe podermos chamar. É composta por três faixas, numa sinfonia de melodia clássica. À primeira vista, podemos referir que os Muse conseguiram fazer um trabalho razoável para uma primeira tentativa, mas no entanto o patamar a que se propõem não chega a ser alcançado, demonstrado em cadências fracas como a primeira parte da dita sinfonia. É preciso chegar à "Exogenesis Symphony Part 3", onde presenciamos um dos momentos mais inspirados da banda em todo este trabalho. Trata-se de um final magnífico para um disco bastante aquém das expectativas.
The Resistance não é nada do que possam estar à espera por parte de uma banda como os Muse. É variado na sua fórmula mais intrínseca. Esqueçam os riffs dançáveis de Black Holes and Revelations e finalmente descobrem porque é que os Queen eram uma das maiores influências dos Muse. É tudo isto que pode ser encontrado neste novo disco de originais, que para muita pena minha, não será certamente uma das razões pela qual me deslocarei ainda este mês ao Pavilhão Atlântico para os ver.
3/5
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