quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Pérolas da Década (1)

Além de ter passado mais um ano e de se fazerem os habituais balanços anuais sobre o que se fez ou sobre o que se deixou fazer, o fim de 2009 vem também iniciar o início de uma nova década e por consequente o fim da primeira década deste milénio. Muitos e muito bons álbuns foram lançados, por bandas que já vinham de décadas anteriores ou de novas bandas que foram surgindo.

Este novo milénio marca também a mudança em termos musicais. O grunge que caracterizou por exemplo os anos 90, com as chamadas bandas de Seattle como Nirvana, Pearl Jam ou Mudhoney, ou voltando ainda mais atrás no tempo até à era dos novos sons da pop e da disco dos anos 50/60 ficaram para trás. A década 00 trouxe-nos o indie, o folk, o electro-pop e muitas outras novas tendências que são ainda para mim difíceis de explicar (math-rock (?) pelos Battles, por exemplo). Mas quer tenham passado 10, 20 ou 50 anos, nada do que se faz hoje poderia ter sido feito se por detrás não tivessem existido outras bandas a servir de influência aos mais badalados grupos musicais do momento. Relembro os vanguardistas Pink Floyd, oferecendo na altura sons e experimentalismos nunca antes feitos ou pensados, que hoje em dia são o pão para a boca de uma das grandes bandas deste novo século, falo dos Animal Collective, entre outros. O mundo da música é como o ambiente, está em perfeita transmutação e transformação, e conforme formos avançando no tempo, as mudanças vão acontecendo, e quer-me parecer que cada vez mais serão maiores.

Assim, trago alguns dos discos que eu considero serem umas pérolas desta nova década. Se em 2009 não ouvi tudo o que queria ou o que foi lançado, então nem se imagina numa década. A lista que vou apresentar não tem qualquer seguimento cronológico nem ordem específica.





Tom Waits - Alice
(2002)

No ano de 2002 Tom Waits lançou dois discos de originais. Foram eles Alice e Blood Money. E para mim são dois grandes discos, mas Alice conseguiu marcar-me de uma forma diferente e mais forte em relação ao seu "gémeo".
Tom Waits consegue mudar a minha relação com o mundo dos blues. Tom Waits não é para mim um artista que se possa considerar de uma ou duas décadas anteriores. Consegue utilizar um género como os blues implementando-lhe uma veia invulgar: experimentando-o e revirando-o como uma peça de roupa. Encarna as suas mais perfeitas caracteristicas e veste-as dentro de si, tornando-se num só songwritter com muito para falar e escrever. Contorna os seus vincos e transforma a sua música numa peça mágica e única. Tom Waits é para mim um artista entre-mundos: junta o melhor do passado e prevê o futuro em cada música. Alice fá-lo de uma maneira magistral e tem sido dos meus melhores companheiros nos tempos que passam. A faixa homónima é um dos hinos deste grande álbum. Depois disto, só penso em ir atrás do resto da discografia e devorá-la como se não houvesse amanhã.

5/5

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