
Foram quase três décadas desde que foram postas pela primeira vez em órbita os vaivéns espaciais da agência espacial NASA. No final deste ano, em Novembro, irá realizar-se a última missão protagonizada pelo vaivém Endeavour. Neste mês de Maio foi a vez de Atlantis, que pousou suavemente pela última vez no Centro Espacial Kennedy, na Florida.
O espaço é conhecido como o infinito dos sonhos de qualquer homem. Se existe alguma coisa por descobrir, basta-nos inclinar a cabeça para trás e apreciar a imensidão de incógnitas e perguntas ainda sem resposta que pairam sobre nós. Nos anos 70 os avanços tecnológicos foram alvo de críticas positivas, tendo como protagonista a NASA. Atingiram-se metas nunca antes pensadas, até que na década de oitenta começaram os primeiros lançamentos de vaivéns em missões de embarque de mercadorias e ajuda na construção da Estação Espacial Internacional (ou mais conhecida por ISS).
Barack Obama, presidente dos EUA lançou a proposta no Congresso para que as novas missões de transporte de mercadorias começassem a ser realizadas por empresas privadas, deixando a maior agência espacial do mundo encarregue apenas da investigação científica e exploração espacial.
Esta medida por parte do mais recente líder da maior superpotência do mundo mostra como mais que nunca, a crise internacional está a criar problemas e entraves em todas as frentes. Desta vez trata-se de um dos campos onde a investigação é mais necessária, mas também, a que requer mais fundos para oferecer os resultados esperados. Por isso, só consigo entender esta nova moção como uma maneira subtil de nos dirigirmos ao povo e afirmar que não vamos desistir daquilo que um dia possa ser o nosso futuro, mas que por outro lado não temos meios para o sustentar. Assim, deixamos essa tarefa para empresas privadas que se financiem a si próprios, enquanto o governo continua a combater a crise por esse mundo fora. E quem melhor do que um dos já mais carismáticos presidentes deste novo milénio para o fazer? Se a proposta for aceite pelo Congresso americano podermos muitos bem, estar na presença de uma perigosa estagnação na área da conquista do espaço e da investigação, em alturas em que todo o avanço é importante e contribuirá, quiçá, para uma vida no espaço como o vemos em tantos filmes de ficção científica.
Assim, acabado um ciclo de navegações pelo mundo espacial na descoberta de novos e maravilhosos mistérios por parte da NASA e do governo americano, estarão a abrir-se lugares no céu para a participação europeia na conquista do espaço? A ESA (The European Space Agency) poderá ter aqui uma oportunidade de ouro para tentar ocupar, nem que seja somente uma estrela por esse espaço fora, ganhando assim terreno às investigações americanas, que vêm a dominar o mundo desde os tempos da Guerra Fria.
A ESA vem já há algum tempo a realizar interessantes testes e simulações espaciais para levar o primeiro passageiro humano até Marte; o satélite europeu SMOS está também ele operacional para o reconhecimento de novas investigações no que toca à hidratação do solo e salinidade dos oceanos. Deste modo, a Europa vê aqui a sua grande oportunidade para alcançar algum protagonismo na conquista espacial, e nem sempre ficar na sombra de uma superpotência como os EUA.
No entanto, se encontramos uma América prestes a legislar uma medida que a faça gastar e investir menos dinheiro nas missões que levava a cabo à quase 25 anos, que meios terá uma Europa que cada vez mais se vê afogada em dívidas e que constantemente tem a necessidade de recorrer a Bruxelas para tentar tapar as lacunas dos seus cofres? Em princípio, muito poucos, para conseguirem manter estudos intensos sobre tudo o que ainda há para desvendar sobre o espaço, a nossa Via Láctea e as inúmeras galácticas que nos rodeiam.
Em tempos que os EUA tentam fugir à obrigação de gastar em demasia, e que numa Europa em que a última coisa que precisa de ouvir é que tem que investir na investigação científica e espacial, a pergunta que se fará é, quais os caminhos que se seguirão a todos os avanços e conhecimentos até agora descobertos?
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